Se te perguntarem "quem é o teu leitor?", o que respondes?

Consegues traçar o perfil da pessoa que gostará de ler os teus escritos e de quem estaria disposto a pagar alguns euros para ler os teus livros?

Parecem perguntas simples, mas, na maioria das vezes, os escritores não têm uma resposta na ponta da língua. E isso tem consequências graves. Consequências que afetam a conceção da obra e a sua divulgação.

A relação entre escritor e leitor

Curiosamente, os autores vivem obcecados pelos (seus) leitores. É para eles que escrevem as suas histórias, eles são os destinatários de cada palavra. É, portanto, inevitável que o leitor esteja na tua mente quando escreves, mas nem todo o leitor é o teu leitor.

Porque um escritor quer ter leitores, às vezes, tem uma tentação compreensível de fazer das tripas coração para atingir esse objetivo e faz pequenas (ou grandes) concessões para atrair um público amplo.

Este tipo de atitude não resulta em boas histórias. Uma história que tem "um pouco de tudo" tem muitos indícios de ser um pastiche, não uma obra literária. Além disso, ao incorporar elementos estranhos, é mais provável que estejas a afastar o teu leitor.

Ao conceberes e escreveres a tua obra, não te deixes levar pela moda, não fiques obcecado pelo que “o leitor gosta”. A realidade é que ninguém sabe o que o leitor gosta.

O trabalho de um escritor não consiste em saber do que o leitor gosta. Consiste em saber manejar os recursos literários para captar com o maior sucesso, interesse e expressividade a ideia que concebeu.

Se considerares que todos podem interessar-se pelo teu livro, que qualquer um pode ser o teu leitor, o mais provável é que acabes por cometer erros gritantes, como estas: executar estratégias de marketing mal ajustadas, ter uma mensagem estereotipada e vazia ou colocar o teu livro a um preço ridiculamente barato.

Estratégias mal ajustadas

Quando acreditas que todos são os teus leitores, tentas estar em todos os lugares, o que é um grande investimento de tempo, energia e, se fizeres campanhas publicitárias pagas, dinheiro. Mas os resultados que esperas não surgem porque, na realidade, não estás a dirigir-te a quem realmente compra o teu livro.

Ao invés, se souberes quem é o teu leitor, saberás para quem deves tornar-te visível. Bastará procurar aqueles lugares onde o teu leitor está: páginas de recomendação, grupos nas redes sociais, bloguers ou youtubers literários, certas livrarias, etc.

Mensagem difusa

Quando não tens a certeza de quem é o teu leitor e consideras que "qualquer um" o pode ser, as tuas mensagens promocionais são sempre difusas: "se gostas de ler ...", "não poderás deixar de ler... "," uma história emocionante...». Estas mensagens não são apenas clichês e frases banais, mas também não atraem o leitor.

Se conheceres bem o teu leitor vais saber o que dizer para o cativar.

Preços baixos

Os preços baixos são erroneamente considerados uma estratégia de marketing (não são sequer uma estratégia). Estudos em economia comportamental mostram que todos associamos preço baixo a falta de valor e qualidade. Então, quando a tua estratégia de marketing é errada, tu tentas convencer o possível leitor com o preço. Mas baixar o preço do seu livro é dizer ao leitor: "Não estou muito confiante de que gostes do meu livro, mas pelo menos não me culparás por ser caro."

É essencial conheceres o teu leitor

Conheceres o teu leitor é essencial na hora de escreveres a tua obra, não permitindo que considerações externas ao ato literário conduzam o teu processo de escrita.

Conheceres o teu leitor é essencial no trabalho de promoção, porque se não souberes quem terá interesse em lê-lo, cometerás erros de marketing, que condicionarão a tua vida.

Já te perguntaste como o desconhecimento do teu leitor pode condicionar o teu trabalho, tanto na hora de a criar como na hora de a promover? Sabes quem é o teu leitor?

A tua resposta é importante para nós, por isso, deixa-nos o teu comentário.

[JMR]