Ter um Banco de Ideias é uma ótima solução para aqueles momentos em que te sentes num beco sem saída, sem ideias, sem novas faíscas, sem inspiração… e a escrita não flui…

De onde vêm as boas ideias para escrever?

O conceito de Banco de Ideias inspira-se em R. L. Stine, autor da série Goosebumps que fala em «loja lucrativa de ideias».

Eu prefiro o termo de Banco de Ideias. Apenas porque me parece ajustar-se melhor ao trabalho do escritor. No fundo, trata-se de recolher e depositar num lugar (caderno ou ficheiro) as ideias que te forem ocorrendo. Para as fazer amadurecer, render ou simplesmente explorar em devido tempo.

Neste contexto, tens de ficar alerta a todas as (boas) ideias, observar tudo e tomar notas quando (e se) necessário. E as ideias estão em todo o lado, tudo pode ser uma mina de ouro de ideias.

R. L. Stine refere 3 departamentos onde se podem alugar (depositar) boas ideias.

A Experiência

Henrique Carvalho afirma que "todo conhecimento que te marcar precisa ser anotado e relembrado”.

A experiência não precisa se limitar apenas às experiências pessoais, aos acontecimentos que o escritor vivencia em primeira mão.

A experiência inclui o que foi vivido, sim, mas também observações, reflexões, leituras...

A experiência é uma espécie de enorme teia de aranha, feita dos mais finos fios de seda, suspensa sobre a câmara da consciência e prendendo cada partícula etérea em seu tecido.

Os sentidos são uma fantástica fonte de inspiração para escrever e são a matéria-prima de muitos e bons contos.

Escrever sobre os sentidos e com os sentidos bem despertos resulta, quase sempre, num texto criativo e capaz de captar a atenção do nosso leitor. Isso porque os sentidos são as janelas que nos permitem registar as emoções e os sentimentos e, claro está, todos percecionamos a realidade através dos sentidos de modo diferente.

A Memória

A memória é, talvez, a melhor fonte de ideias. No teu banco de ideias, podes guardar (arquivar) episódios da tua vida, histórias pessoais, momentos marcantes da tua vida. As tuas memórias são um material que podes trabalhar de modo diferenciado: como memórias autobiográficas ou como experiências que transferes para as ruas personagens.

Escrever sobre o que se conhece não só é mais fácil, mas também permite aprofundar as facetas dessa realidade, desenvolvendo as particularidades daquela situação ou experiência que tu, escritor, viveste na primeira pessoa. Mas, escrever sobre tua própria memória também implica certas limitações. A realidade humana é vasta, assume mil formas e está em constante mudança. Se tu, como escritor te limitares a escrever o que experimentaste e sabes por ter sentido, vivido ou testemunhado pessoalmente, a tua escrita pode tornar-se muito repetitiva e uma infinidade de assuntos estará fora do alcance da tua escrita.

A Imaginação

A experiência e a memória remetem-nos para o âmbito experiencial. A imaginação, ao invés, situa-se ao nível do que ainda não foi vivido, pensado ou sonhado, mas pode sê-lo. O exercício de pensar o ainda não pensado, fora dos limites do convencionado e do habitual, é o que chamamos imaginação.

As situações mais interessantes podem acontecer quando tu te permites perguntar "E SE…".

Da resposta a esta pergunta provocatória nasceram histórias como as dos filmes Star Wars (da pergunta: E se... uma guerra de faroeste acontecesse no espaço?) ou O Estranho Caso de Benjamin Button (da pergunta: e se a vida de alguém acontecesse ao contrário, da velhice para o nascimento?).

Mãos à obra

Começa hoje a depositar as tuas ideias no teu caderno ou no computador para que nunca te faltem ideias para escrever. Aos “departamentos” da experiência, da memória e da imaginação podes acrescentar outros mais visuais (fotografias, recortes, objetos significativos, etc.).

Importante mesmo é garantir que ideias para escrever não te vão faltar nunca!

JMR