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Entrevista a Natércia Dias
Quais são as suas referências da literatura infantojuvenil como escritora e como leitora?
R: Todos os livros que requisitei na Biblioteca C. Gulbenkian, os que pude comprar e, sobretudo os que li para me auxiliarem na lecionação dos currículos escolares.
Destaco os livros mais marcantes, na minha predileção para a literatura infantojuvenil: Maria Alberta Menéres com o “Ulisses” e “O Poeta faz-se aos Dez Anos”; Aquilino Ribeiro e “O Romance da Raposa”; de Soeiro Pereira Gomes, “Os Esteiros”; de Alves Redol, “Constantino Guardador de Vacas e de Sonhos”; De António Mota, “Pedro Alecrim”; “Graças e Desgraças na Corte de El-Rei-Tadinho” de Alice Vieira.
Também recorri aos livros da coleção “Viagens no Tempo” de Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada, sobretudo nas turmas onde lecionava História e Geografia de Portugal.
No presente, leio livros que tratam temas considerados emergentes e algumas obras sugeridos pelo editor da “Trinta por uma Linha”, o poeta e escritor João Manuel Ribeiro.
O que a incentivou a iniciar uma carreira na literatura infantojuvenil?
R: Enquanto docente, a necessidade de tratar certos temas. Na altura, nada publiquei, mas algumas ideias amadureceram e, às vezes, puxo por elas.
Como é que a sua anterior profissão como professora influencia as histórias que escreve? Sente que a aproximou mais do público-alvo?
R: O facto de conhecer os currículos, facilita a inclusão de conteúdos que podem expandir as aprendizagens, adicionando informações que consolidam e aperfeiçoam saberes.
Como é o seu processo criativo quando escreve as suas obras? Costuma já ter a história toda planeada antes de começar a redação, ou esta vai surgindo à medida que escreve?
R: A 2ª situação. Se tenho uma ideia, aponto-a. Fica a levedar. Quando abro o ficheiro, tento ver se tem pés para andar. Às vezes, abandono esse projeto, outras, corto, substituo, acrescento. Avanço na pista de incoerências, escrevo ao sabor da imaginação e inspiração, sem correções significativas. De vez em quando, na realização de outras tarefas, dou comigo a pensar numa determinada personagem e acende-se uma luzinha.
Relativamente a “Os Ladrões do Azul Celeste”, esta história surgiu a propósito dos 50 anos do 25 de abril, ou já tinha ideias de a escrever e publicar anteriormente?
R: A história começou por um acaso: brincava com o meu neto e ele começou a disparatar. Advertiu-o, mas fiquei de cara à banda, quando na sua perplexidade e ânsia de saber, me perguntou o que eram “disparates”. Depois de uma explicação com remorsos à mistura, tentei escrever uma história para explicar melhor.
A verdade é que o que tentei alinhavar estava cheia de moralismos. Apaguei antes que fermentasse. Deixei de escrever durante uns tempos. Quando estava numa espreguiçadeira, apanhando vitamina “D” e com a cabeça onde ela está muitas vezes (nas nuvens), o céu enevoou. Boa, porque me destrancaram a narrativa que iria escrever.
Quando o processo estava concluído, pensei que o poderia vir a ser divulgado em comemorações sobre o 25 de Abril. Só posteriormente, fiz as contas e verifiquei que era o ano da comemoração do Cinquentenário.
O que pretende que os jovens leitores retirem deste livro?
R:
A) A experiência de serem colocados no lugar do outro.
B) As resoluções não caem do céu azul.
C) Que a leitura é o passaporte para a compreensão do que nos rodeia. Mais: há locais onde o direito de ganhar amor às histórias, não foi, ou não é cumprido.
D) Reconhecer que, no mundo, há diferentes estádios de desenvolvimento, estabelecer paralelismos e contribuir para esbater diferenças.
E) Conjugar a inteligência e a argúcia, tal como o herói.
F) Se os avós vão à escola relatar o passado, têm as competências de serem fontes transmissoras de conhecimentos. Dito de outra forma: valorização dos saberes das gerações.
Tem algum projeto literário (de que nos possa falar) para 2025?
R: Sim, umas narrativas que respondem pelo nome de “Ficheiros Papa-Léguas”. Aguardam publicação na editora Trinta por uma Linha. Tenho algumas narrativas na fase de fermentação. Com o frio da Guarda, demoram mais tempo a fintar…
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