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ERROS DE ESTILO A EVITAR
Neste artigo, apresento-te alguns dos erros de estilo mais frequentes, que costumam encontrar-se nos (nossos) manuscritos. Antes, porém, importa tornar clara a diferença entre revisão de estilo e revisão de texto. A revisão de texto (ou correção ortográfica) NÃO se preocupa com o sentido do texto, limita-se apenas a questões de forma.
A revisão de estilo é uma leitura global do texto e uma reflexão sobre seu significado. Numa revisão de estilo, o que se pretende é expressar a mensagem com clareza, para que o leitor possa entendê-la facilmente.
Neste artigo, apresento os principais erros de estilo que deves evitar ao fazer a revisão do teu manuscrito:
Erros gramaticais [Solecismos]
Erro gramatical, em geral de sintaxe, devido ao desconhecimento de uma ou mais regras. Por exemplo: há solecismo quando se escreve "houveram homens" em vez de "houve homens". Outro mais comum e também mais difícil de detetar é a não conjugação do verbo com o sujeito respetivo: como, por exemplo “o Pedro e a sua amiga Ana foi ao cinema”.
Abuso de frases subordinadas
Querer dar muitas explicações pode fazer com que frases subordinadas se encadeiam sem darmos conta. Quando isso acontece o texto torna-se estranho e vais forçar os leitores a voltarem ao início da frase para entendê-la. Na maioria das vezes, todas as informações que queremos realçar são desnecessárias.
Ele puxou a velha caixa de papelão, que estava cheia de fotos, de cima do armário, que ficava no quarto que os hóspedes sempre usavam.
Rimas internas
A rimas internas, às vezes, são muito difíceis de detetar pelos escritores. As rimas são próprias da poesia e, a menos que faças isso com alguma intenção, não devem ser introduzidos na prosa.
Exemplo: Enquanto Sara conduzia, a sua mente divergia entre a estrada e a telefonia.
Excesso de advérbios e adjetivos
Já deves ter lido em muitos lugares que os advérbios e os adjetivos são maus. Mas isso é relativo. Se abusares deles, claro, é prejudicial, mas também o é repetir as mesmas estruturas indefinidamente como o infinitivo, ou colocar um “apesar” no início de cada parágrafo. Advérbios como somente e possivelmente devem ser deixados de lado, porque são genéricos e suscetíveis de gerar confusões. Tenta evitá-los.
Os possessivos
Os possessivos são, quase sempre, a erva daninha que cresce nos textos e que os torna repetitivos e chatos. Na maioria das vezes são supérfluos.
Exemplo: Ele calçou as suas meias e depois os seus sapatos, antes de sair à rua!
Palavras da mesma família
Sem perceber, podemos escrever os substantivos dos verbos que acabamos de escrever e vice-versa. Geralmente, isso acontece porque não conseguimos encontrar a palavra exata que queremos e nosso cérebro fornece-a, reutilizando os mesmos termos que acabamos de usar.
Exemplo: Ele abriu os braços e apertou-a contra o peito.
Latinismos com erros ortográficos
Em geral, não costumamos escrever bem as frases latinas, influenciados pelos meios de comunicação social. Escrevemo-los de forma aproximada e por conta própria. Antes de as usares, trata de as confirmar.O https://dicionario.priberam.org pode ajudar!
Arcaísmos
Arcaísmos são palavras não utilizadas. Isso não significa que estejam erradas, já que constam no dicionário, mas se estiveres a escrever um romance atual, talvez usar palavras como preguiçoso ou óculos não combinem muito. É um recurso magnífico para dar realismo aos teus personagens de outro tempo.
Palavras vagas
Palavras vão são aqueles que podemos usar para tudo, porque são muito genéricas, como, por exemplo, uma coisa. Os verbos auxiliares ser, estar, haver e outros, como poder ou fazer, enquadram-se nesta categoria. A pobreza lexical pode levar-nos a usar estas palavras sem ter em conta que o português é uma língua muito rica e extensa e em que há palavras com significados muito precisos.
Barbarismos
O barbarismo é considerado um vício de linguagem que consiste no emprego incorreto de uma palavra ou expressão. Geralmente acontece sem que te dês conta.Habitualmente, o barbarismo refere-se a erros de pronúncia, prosódia, ortografia, flexões, significados, palavras inexistentes na língua e formação irregular de palavras. Quando o erro é propositado, o barbarismo pode ser classificado como figura de estilo, usada para dar maior expressividade à intenção de quem escreve.
Tópicos repetidos
Cada género tem suas frases marcantes. Encontrar as tuas próprias figuras literárias será um diferencial, dado que elas darão expressividade ao texto, mas toma cuidado para não as tornar muito gráficas ou grotescas. Sê original, mas tem em conta o contexto da história que estás a escrever.
Redundâncias
A redundância refere-se a alguma situação em que as informações já foram dadas e que voltam a ser mencionadas. Está ligada ao discurso que utiliza diferentes palavras para expressar uma mesma ideia ou raciocínio.Normalmente, utilizam-se vícios de linguagem muito comuns como: subir para cima, encarar de frente, metades iguais, há anos atrás, entre outros.
Os queísmos
O conceito de queísmo designa a utilização incorreta da conjunção que, quando se deveria usar a sequência de que. O queísmo é a falta da preposição de quando esta deveria anteceder a conjunção que, no âmbito de uma oração subordinada.
Uso de gerúndios
O gerúndio é utilizado em construções perifrásticas sem preposição: Eles iam/vinham ameaçando, mas nunca pensei!O uso do gerúndio é privilegiado nas variantes brasileira e africana do português, em construções que, na variedade europeia do português, selecionam o infinitivo antecedido de preposição: Acabou chegando tarde. (Português Europeu: acabou por chegar...).
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João Manuel Ribeiro
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