Aqui na editora Trinta-por-uma-linha, passamos o ano inteiro mergulhados em aventuras imaginárias. A nossa missão é levar magia às crianças através dos livros, mas, quando dezembro chega, percebemos que as histórias mais bonitas nem sempre são as que editamos e publicamos. São as que vivemos.
O Natal é um dos capítulos mais aguardados do ano. É aquela altura em que a narrativa abranda e as personagens principais somos nós, as nossas famílias e as nossas tradições.
Hoje, decidimos abrir a porta dos nossos bastidores. Pedimos a alguns membros da nossa equipa que partilhassem o que o Natal significa para eles. Entre gatos que derrubam árvores, avós disfarçadas de Pai Natal e o espírito de solidariedade, estas são as nossas memórias.
Esperamos que elas vos inspirem a criar as vossas.
Para começar, a Jess leva-nos numa viagem direta à infância. Afinal, o Natal é feito daquelas gargalhadas incontroláveis e dos mistérios que tentamos desvendar quando somos pequenos. Quem nunca tentou apanhar o Pai Natal em flagrante?
"O Natal é uma época muito especial e mágica. É tempo de passar tempo em família, debaixo de cobertores quentinhos, com a televisão ligada com um filme natalício, de comer todos os tipos de doces e de receber e dar presentes àqueles de que mais gostamos, àqueles que tornam o nosso coração quentinho quando está tão frio lá fora.
O Natal, porém, também é tempo de diversão, de rir tanto que nos faz doer a barriga! Eu lembro-me de quando era mais nova, eu estava a celebrar o Natal na casa dos meus avós, como é tradição na minha família, e, perto da meia-noite, ouvimos um som estranho a vir do andar de cima… O que poderia ser? Ficamos todos a olhar uns para os outros, confusos com o que… ou quem… poderia estar a armar tanta confusão tão tarde!
Foi então que ouvimos passos de alguém a descer as escadas. Ficamos todos em silêncio para ver quem se havia atrevido a entrar em nossa casa numa noite tão especial! Os passos foram ficando cada vez mais perto da sala de jantar e… O quê? Como poderia ser? Não era possível! Era o Pai Natal, com a sua barba branca como a neve, o seu gorro e fatiota vermelha e branca, grandes e pesadas botas pretas, a sua barriguinha grandona, e um saco ainda maior que parecia estar cheio de presentes!!!
“Oh oh oh! Feliz Natal!”, disse ele, com a esperança de surpreender as crianças da casa. Mas nós não nos deixamos enganar! Claramente não era o Pai Natal! Eu e os meus primos dirigimo-nos ao impostor e puxamos a barba e esta caiu no chão, junto com um saco que este impostor usava para fingir ter uma barriga bem grandinha. E era… Ó meu deus! Era a avó! Todos nos rimos da situação e depois fomos abrir os presentes, antes de irmos dormir.
Pois bem… A lição desta história é que o Pai Natal claramente só chega depois da meia-noite, quando estamos todos a dormir, para ninguém o ver!
“Oh oh oh. Feliz Natal!”, diz ele, a devorar uma bolachinha deixada pelas crianças da casa, antes de partir para a próxima casa. Afinal, ele precisa de estar bem alimentado nesta noite tão ocupada!"

A Jessica no seu espírito mais natalício!
Enquanto a Jess nos recorda a aventura da descoberta, a Alice traz-nos o conforto da tradição. Há uma beleza especial na repetição, em saber exatamente o que esperar e, agora, em ver essa mesma magia refletida nos olhos de uma nova geração.
"Desde pequena o Natal sempre foi muito especial para mim. A época em que as casas ganham vida com as decorações e as suas luzes, os pinheiros enfeitados, parece que tudo ganha mais cor e alegria durante o mês de dezembro.
Sempre adorei escolher prendas, embrulhá-las e, claro, recebê-las! Espero sempre as mesmas prendas: umas meias felpudas de inverno, um livro, os pais natais dos tios e tias e o pacote dos chocolates dos meus avós. Todos os anos espero por estes miminhos e não se deixem enganar, pois apesar de saber o que vem aí, são estas prendas que me aquecem o coração.
Agora, com um elemento mais pequenino, a minha sobrinha, o Natal ganhou um novo encanto. É simplesmente mágico ver esta festividade pelos olhos dela, vê-la especada a olhar para o pinheiro com as luzes a tilintar ou a alegria dela ao ver a quantidade de sacas e embrulhos, mal ela sabe o quão bom é ver Harry Potter todos os anos na televisão durante a véspera de Natal.
Apesar de viver esta época da mesma forma desde pequena, não é por isso que tem menos encanto ou é aborrecida. Na verdade, espero por este tempo ansiosamente todos os inícios de ano, para me empanturrar de rabanadas e sonhos e de estar com quem mais amo.
Boas festas para todos!"

Aqui temos uma pequena Alice. Bastante natalícia e fofa, digo eu!
Mas o Natal nem sempre é só luzes cintilantes e perfeição. A vida real é deliciosamente caótica. A Cristiana mostra-nos que o verdadeiro espírito da época vive nos embrulhos "criativos", nas travessuras dos gatos e no crescimento das crianças que nos rodeiam.
"Todos os anos, quando a época festiva chega, sinto uma eletricidade suave mudar o ar. Apesar do frio que se instala lá fora, parece que cá dentro os nossos corações aquecem um pouco mais.
Nesta altura, há um ritual que cumpro religiosamente: a transformação da casa. Troco a toalha de mesa pela vermelha natalícia e, invariavelmente, envolvo-me numa batalha perdida contra o papel de embrulho. As minhas tentativas de fazer o laço perfeito falham sempre, resultando em pacotes "criativos" que acabam por servir de brincadeiras e risadas entre a família. Eu adoro falhar e tornar aquele pequeno embrulho o mais humano possível.
Aliás, a "decoração" ganha vida própria cá em casa. Adoro o momento solene de colocar as bolinhas no pinheiro, mas adoro ainda mais o que acontece a seguir: encontrar essas mesmas bolinhas espalhadas pelo corredor e pelos recantos da casa. Os meus gatos, convencidos de que a árvore é um parque, encarregam-se de "redecorar" o ambiente. Passam intermináveis noites de dezembro a derrubar os enfeites, e eu acabo por acordar com o som inconfundível do plástico a rolar e a ser arrastado nas suas brincadeiras sem fim. Não existe um dezembro em que não esteja eu a perseguir um gato às duas da manhã.
Foi precisamente depois de uma dessas noites agitadas que me sentei com a minha irmã. No meio daquela confusão doméstica, ela precisava de foco para uma missão séria: a carta ao Pai Natal. Com o lápis em riste, ela ditou-me os seus desejos com clareza: um novo passarinho, para fazer companhia ao nosso agapornis resgatado do jardim há umas semanas (porque ninguém deve passar o Natal sozinho); uma casa para brincar e decorar; e tintas, para poder pintar novos desenhos.
A lista ficou por aqui. Notei-a tímida, indecisa sobre se podia pedir mais, mas a timidez deu lugar à determinação. Foi buscar uma folha nova para copiar o que eu tinha escrito. Queria entregar uma carta feita por si. Ela está no primeiro ano e ver o esforço dela para desenhar as letras, a contar as vogais com os seus dedos rechonchudos, fez-me perceber como o tempo passa depressa.
E se a minha irmã já conta vogais, a minha afilhada, por outro lado, prepara-se para a descoberta pura. Com apenas um aninho, este será o Natal em que ela irá, pela primeira vez, rasgar o papel (provavelmente com mais destreza que eu a embrulhá-lo). Imagino-a a olhar para as barbas brancas do Pai Natal, a tentar decifrar quem será aquela figura estranha, antes de se perder no que encontrará debaixo da árvore.
No meio desta agitação, entre gatos que rebolam enfeites, irmãs que aprendem a escrever e bebés que descobrem o mundo, perguntaram-me recentemente: “E tu, Cristiana, o que queres este Natal?”
A minha mente ficou em branco. Por instantes, procurei um objeto, uma viagem, algo palpável. Mas a resposta estava ali, à minha frente. "O que é que eu quero?". Não quero alimentar o consumismo cansativo que nos rodeia e nos esgota. Quero apenas sentar-me no calor da sala de estar, comer o bacalhau que tanto adoro e, acima de tudo, brincar com estas duas crianças da minha vida. Quero vê-las abrir aquilo que escolhi especialmente para elas, porque o que mais gosto no Natal é oferecer presentes com significado e ver os olhos brilhantes dos meus entes queridos enquanto rasgam o papel colorido.
Este ano, o que realmente desejo não cabe num embrulho mal feito. Desejo o momento. É ele que fica. É ele que me acompanha para lá de tudo o resto. Com este pequeno testemunho, eu rogo o mesmo a ti e à tua família: que tenham um momento especial e feliz! Que o Natal só traga boas e alegres memórias para guardares no teu coração."

Aqui é-nos apresentado o local do crime e a principal suspeita do crime, a Fiona (atualmente constituída como arguida, havendo testemunhas que avistaram o ato criminoso).
Por fim, à medida que crescemos, o significado do Natal expande-se para além das paredes da nossa casa. Para a Beatriz, a magia reside na memória das origens e na capacidade de partilhar o amor com quem mais precisa, incluindo os nossos amigos de quatro patas.
"O Natal, para mim, é um misto de emoções… Para além de mágica, esta é uma época de família, amor e solidariedade. Desde pequena que passo o Natal na minha aldeia, em Baião, e é sem dúvida uma das melhores memórias que tenho da minha infância. Para mim, o Natal sempre teve o cheiro da lareira, o som dos risos e a imagem da neve a cair lá fora.
Não é novidade que, em criança, esta época é mais mágica e especial: ansiamos pelas prendas que estão debaixo da árvore, pelos doces típicos portugueses que todos ajudam a fazer e pela chegada do incrível Pai Natal. Eu era esse tipo de criança e confesso que a chegada do Pai Natal era o meu momento preferido da noite.
Atualmente, embora já não seja criança, ainda adoro a magia do Natal e faço o possível para que os meus primos mais novos tenham Natais tão mágicos como aqueles de que me lembro. Passo algumas noites de dezembro a ver as luzes de Natal e a passear pelos mercados espalhados pelo Norte de Portugal; são momentos de tal forma emotivos que nem uma foto os consegue guardar na totalidade.
Quanto mais cresço, mais percebo que esta época não se resume a prendas e ao Pai Natal. Esta época vive de gestos solidários, de amor e simpatia. É a altura do ano em que devemos presentear alguém com um sorriso ou com uma ajuda. Como voluntária em diversas causas, reparo que as pessoas ganham uma nova aura – gostam de ajudar, de espalhar amor e carinho.
Falando um pouco sobre mim: sou voluntária no CROAM – Centro de Recolha Oficial de Animais de Matosinhos – e os momentos que passo com todos os patudos que se encontram a cargo da instituição são únicos. Cada animal resgatado, cada olhar que pede amor, cada vida que está à espera de uma família…. Vejo famílias à procura de um novo membro de quatro patas nesta época e acho linda a atitude de adotar um animal que vai dar uma nova alegria a uma casa. Momentos como estes ganham uma nova emoção no Natal; cada patudo dá amor e merece amor.
Encorajo quem está a ler este pequeno testemunho a fazer uma ação que faça a diferença na vida de alguém ou de algum patudo. Ensine as suas crianças a valorizar os momentos do Natal, a família que as rodeia e os animais que as amam.
Neste Natal viva momentos especiais, espalhe alegria e seja solidário, pois cada minuto é uma memória que pode durar para sempre."


Aqui temos dois meninos muito fofos. Visitem a CROAM, tem muitos animais à espera de uma família carinhosa!
De Baião a Matosinhos, dos gatos rebeldes às rabanadas deliciosas, o Natal da nossa equipa é feito disto: pessoas, memórias e afeto.
Tal como nos livros que publicamos, cada família tem a sua própria narrativa. Este ano, desejamos que a vossa história de Natal seja recheada de páginas felizes, capítulos de amor e um final onde todos se sentem em casa.
Desejos de boas festas de toda a nossa equipa para a vossa família!
Cristiana Nunes


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