Trinta-por-uma-linha


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O livro impresso VS o e-book

Em pleno século XXI das tecnologias ao clicar de um dedo, quem pode gostar de consultar uma enciclopédia empoeirada ou de ler uma obra literária na velha impressão impressa, quando há sites de informação científica, histórica, artística… e livros digitalizados (e-books) à mão de semear?


Claro que é possível fazer-se a leitura em formato digital mas, para mim, o sabor não é o mesmo e o olfato também não. O cheiro do papel, o odor característico de uma biblioteca não têm nenhum outro que se lhes possa comparar.


E a interligação que se cria com o papel é pessoal: o livro pode ser transportado para todo o lado sem receio de que acabe a bateria; pode usar-se um marcador para se saber a página exata na qual parámos por querer ou forçados pela necessidade de cumprir outras atividades diárias; podemos começar ou recomeçar a leitura quando o apetite de degustar contos ou poesia nos assaltar, quantas vezes inesperadamente; podemos escondê-lo no meio dos manuais (quantas vezes o fiz era estudante) e nas aulas que são uma “seca” não incomodarmos ninguém e lermos? Acho que esta última opção foi substituída pelo telemóvel que, teimosamente, continuam a levar para as aulas para trocarem SMS ou jogarem. Não sabem o que perdem!


No livro impresso, as palavras não fogem. Permanecem pasmadas nas páginas até lhes atribuirmos sentido quando as lemos. Já no e-book, no computador ou no tablet, quantas vezes as linhas fogem para cima ou para baixo, num bailado irritante que coarta a leitura e o prazer de ler? E, quando há falha de eletricidade e a carga da bateria está quase a acabar, o que sucede constantemente aos jovens, a leitura é interrompida bruscamente por tempo indeterminado. Já o livro permanece nosso fiel amigo e oferece-nos os capítulos cheios de letrinhas, fiéis soldados perfeitamente alinhados e prontos para a batalha para cumprirem o seu dever de verem o seu sentido descodificado e a guerra ganha pelo pequenito que as segue com o dedo para não baralhar as linhas ou pelos olhos críticos e atentos de um qualquer leitor hábil que cavalga seguro na sela da leitura fluente e expressiva.


Um texto no monitor do computador ou de um tablet bloqueia-me, tira-me a vontade de saborear. Não posso estender-me no sofá ou numa cadeira na varanda a apanhar sol a ler, enquanto degusto biscoitos ou chocolate em simultâneo, e procurar compreender a trama, saltar páginas menos interessantes, dar uma espreitadela no último capítulo para gulosamente saber o final do conto ou do romance e certificar-me de que o destino da personagem é o que eu vislumbro ou se é um que não me agrada completamente nada e invetivo o autor por não ter compaixão pela heroína ou pelo herói, por não ter seguido o rumo que eu ambicionava.


E, feiticeira da leitura, embora goste da narrativa fechada (a grande maioria dos romances ou contos), comecei a apreciar a aberta, a história que nos deixa num suspense de sermos nós a criar um final ou vários conforme o dia e a disposição.


Essa rapidez na “batota” de ver o final não é permitida pelo e-book e, se o romance for longo, espreitar o desenlace pode ser um inferno. A máquina “bloqueia”, fica parada na mesma página longos minutos… (depende da potência da Internet de cada um) e pode fechar.


Concretamente eu sou da Era de Gutenberg em que a leitura se fazia e faz em papel, para se ter o prazer de tocar, de manusear, de acariciar, de folhear um livro apenas para ver as páginas a correr e sentir a aragem que produzem e respirar aquele cheiro a tinta e a papel, antes de o ler.


Nunca li nenhum e-book, não gosto, e se tenho de ler por não existir a versão em papel, imprimo-o. O mesmo se aplica a qualquer outro documento. Sou claramente “d’autre époque” e fiel ao papel impresso, embora a questão ambiental me esteja a mudar aos poucos.


E porque a leitura e a escrita são as duas faces da mesma moeda e andam de mão dada, tenho a mesma sensação com a escrita. Tudo quanto escrevo é em papel e posteriormente passado para Word. Não acredita? Este texto foi escrito num dos muitos cadernos que tenho espalhados pela casa e, na carteira, anda sempre um bloquinho para apontar ideias, frases, diálogos que surgem, características para uma personagem… mas já estou a entrar num outro campo que não é para aqui chamado.

Compre livros! Ofereça livros aos seus filhos. Leia com eles todos os dias. Leia-lhes contos, histórias, episódios da vossa família… Ensine-lhes o prazer de ler. E, se gostarem de futebol, leia-lhes a notícia do jogo da sua equipa. Tudo pode ser um instrumento de aprendizagem…


Porém, para já, fiquemos pelos livros e pela visita a uma biblioteca. Conhece a biblioteca da escola do seu filho? Conhece a biblioteca da sua cidade/ vila? Não? Então, faça-lhe uma visita e diga-me se aquele pulsar maravilhoso das obras arrumadas nas prateleiras não o atrai. Faça um cartão de leitor para poder pedir livros emprestados.


Boas férias e boas leituras, em papel ou no tablet, já agora, se for adepto ferrenho das Novas Tecnologias. Queira ou não, a leitura faz parte do nosso dia a dia.


Maria Teresa Portal

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