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O que é a Literatura Infantojuvenil?
Uma “literaturazinha” ou uma Literatura
mal entendida?
Desde a sua origem, que o universo literário para a infância e juventude, devido a várias condicionantes, tem sido empurrado para posições periféricas do sistema literário. As justificações possíveis para este fenómeno de marginalização estão ligadas à sua génese na literatura tradicional oral, à sua evolução histórica,mas, também, aos seus destinatários preferenciais – crianças e jovens.
A sua aproximação ao texto didático, tendo em conta a propensão da sua utilização para fins educativos, a sua analogia com práticas literárias pressupostas como menos legítimas, como narrativas seriadas de aventura ou fantasia, ou, ainda, a presença de traços de ludicidade que a aproximam do entretenimento, como o humor ou o nonsense, são algumas das explicações usadas para marcar um afastamento em relação à literatura legitimada.
Mas ao contrário destas suposições que tentam encapsular a literatura infantojuvenil num lugar menor, demarcado da restante literatura, na verdade, o que separa a literatura infantojuvenil da sua “irmã” maior, na sua essência e fundamentalmente, é menos do que se pensa...
Em primeiro lugar, vamos começar com o que têm em comum:
Ambas são literatura! Ambas são entendidas como uma obra de arte com “valor” literário e como uma forma de expressão escrita que se considera ter mérito estético ou estilístico!
O separador de águas, o que define a máxima de todas as suas diferenças, é o seu destinatário extratextual específico, as crianças e os jovens, como o termo deixa intrinsecamente explícito.
O facto de se dirigir para um público definido por uma faixa etária e por uma competência leitora em processo de construção é o que explica a singularidade da literatura infantojuvenil, pois faz dela um tipo de literatura que exige normas e convenções muito peculiares de ficcionalidade, que desafiam as leis racionalistas do mundo e da vida.
Este único aspeto é o que dá vida e personalidade própria a este género literário; uma personalidade enigmática, insólita, rebelde, que se vangloria de abolir as leis e as convenções do mundo empírico e da vida humana, mas que procura dar vitória ao bem sobre o mal, ao amor sobre o ódio e à justiça sobre a injustiça.
Porém, na verdade, muitas vezes este aspeto distintivo é usado como uma arma de arremesso contra a literatura infantojuvenil, pois perdura a ideia de que escrever para crianças e jovens é “mais fácil” do que escrever para adultos, implicando uma depreciação dos destinatários preferenciais, não validados como leitores “completos” ou de pleno direito.
Esta perspetiva que desvaloriza o mérito da literatura infantojuvenil, que a entende como uma versão adaptada ou simplificada da literatura canonizada, não reconhece a produção literária para a infância de qualidade. Este tipo de produção, que responde a mais do que a necessidades de alfabetização infantil, distingue-se pela forma como articula a qualidade estética com a formatividade.
Um livro para a infância com qualidade literária estética e plástica é capaz de levar à reflexão, enquanto serve como um veículo de entretenimento artístico que estimula a sensibilidade.
Assim como é com a sua “irmã” maior, é possível criar literatura infantojuvenil de excelência, assim como literatura infantojuvenil de qualidade questionável, tudo depende da exigência em termos de escrita, ilustração e edição, pois estes três fatores definirão a sua repercussão ao nível da leitura e das competências leitoras expectáveis.
No fundo, considera-se que a literatura infantojuvenil não deve ser condenada a circular à margem do sistema literário e cultural, até porque, se o seu valor intrínseco não basta para a legitimar, devemos relembrar o importante papel que ela desempenha na aprendizagem dos mecanismos das linguagens maternas e, consequentemente, na formação de futuros leitores que justificam a necessidade de se produzir literatura para adultos.
Por ser um tópico controverso, várias perspetivas se têm acerca da literatura infantojuvenil e da sua legitimação, mas vários fatores, como programas de fomento à leitura, a inclusão da literatura nos currículos escolares e o trabalho de divulgação das editoras e de outros organismos, têm contribuído para o seu reconhecimento e para que o público em geral veja na literatura infantojuvenil o mesmo potencial que nósvemos!
E TU?
Achas que a literatura infantojuvenil merece ter um lugar afirmado e demarcado enquanto género literário ou que não passa de uma literaturazinha que serve para contar historinhas de encantar a um público menos competente?
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