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Quais são as partes do livro?

Um guia para a anatomia literária


Cabeça, tronco e membros… em linguagem literária!

Tal como nós dividimos as nossas partes do corpo na ciência a que chamamos anatomia, os produtores de livros dividem as partes deste nosso amigo de papel numa anatomia literária. Enquanto leitores, escritores, editores ou ilustradores, devemos conhecer as várias partes do livro, de forma a conhecer melhor o nosso objeto de trabalho e companheiro.


Estas divisões variam de acordo com o tipo de livro em questão e com o formato em que é impresso, no entanto, há vários aspetos em comum na estrutura geral de uma obra literária que podemos enumerar.

Vamos dividir estas partes em duas categorias: a parte exterior e a parte interior.


Queres saber mais?

No exterior...

O exterior do livro é, com certeza, a primeira coisa que nos chama a atenção quando o vemos na prateleira! É inevitável – a parte de fora é o primeiro contacto que temos com o livro quando o olhamos, pegamos e tocamos. Aqui temos:


  • A capa – esta é considerada o “cartão de visita” do livro. Além de proteger a obra, é o que mais chama a atenção do leitor, sobretudo quando se encontra em exposição. A capa, normalmente, contém o título da obra, o nome do autor e a editora em que a mesma foi publicada. Pode ainda conter um subtítulo ou pequenos elementos que o editor considere necessários. O design de capas participou numa evolução ao longo dos séculos – inicialmente, as capas eram feitas à mão e extremamente trabalhosas! O ponto de viragem desta jornada foi na mudança entre o século XIX e o século XX, quando a crescente indústria de livros na Europa e Estados Unidos estimulou uma mudança vanguardista. A competitividade na indústria levou a que as capas se tornassem vitais na venda de livros: estas trazem esclarecimentos e dicas sobre o género, estilo e conteúdo do livro, mas podem ter um papel decisivo na compra. Fica aqui a polémica questão… quantos de nós já compraram um livro apenas pela sedução de uma maravilhosa capa.


  • A contracapa – de mãos dadas com a capa, a contracapa é a sua continuação, uma subparte de duas, que complementa a informação esclarecida pela primeira. Esta parte costuma conter uma sinopse, um texto de apresentação que nos conta um pouquinho daquilo que o livro contém e tem como objetivo esclarecer o leitor do seu objetivo/conteúdo e instigar a sua curiosidade, e confirma os elementos inseridos já na capa, como o logótipo da editora e o nome do autor. Alguns editores optam por inserir críticas e citações na contracapa, a par da sinopse. Também funciona como invólucro do livro, mantendo o fator de proteção do mesmo.


  • A lombada – é, sem mais nem menos, a união da capa e contracapa, aquilo que assinala o meio da estrutura exterior do livro. Quando colocamos os livros na prateleira, na vertical, arrumados e organizados, é ela que os vai distinguir e anunciar – contém o título, o nome do autor e o logótipo da editora (muitas vezes em tamanho reduzido). As lombadas nem sempre existiram: a sua utilização teve início na Idade Média, nos mosteiros, pelos monges copistas, que encontraram na lombada um método de organização muito mais eficiente! É na lombada que assenta a espinha, que podemos considerar a coluna vertebral do livro, e que estrutura todo o conteúdo.


  • As badanas – sendo proprias de livros de capa mole,, são extensões da capa e contracapa, funcionando como abas que apresentam informação acerca do autor (como pequenas biografias), do ilustrador, da história ou coleções, críticas e citações, entre outras. Não devem exceder, em tamanho, o meio de uma página, mas podem ser bastante úteis para servir como marcador de leitura.


No interior...

Após a listagem da parte exterior e dos elementos de proteção física do livro, podemos passar para o seu interior, onde as coisas se tornam um pouco mais complexas.


  • As guardas – desconhecidas de nome por muitos, as guardas estão no interior do livro, mas são as páginas que se encontram coladas à capa e contracapa. A sua principal função é unir estas duas últimas ao miolo. Podem ser lisas ou ornamentadas com ilustrações ou outros elementos gráficos coerentes com o conteúdo do livro. São favoritas nos livros de capa dura, onde a sua utilização é mais propícia. São um elemento facultativo.


  • O miolo – este engloba tudo aquilo que é o interior do livro, as páginas que a obra contém e incluí todo o material textual e pré-textual que possa ser inserido ao longo da história ou conteúdo. Este divide-se em duas partes: a parte pré-textual e a parte pós-textual.

Na parte pré-textual (aquela que precede o texto) encontramos páginas como:


+ a falsa folha de rosto (sendo esta a primeira folha do livro, com o título e o autor);


+ a folha de rosto (esta vem logo após a primeira folha, contendo todos os dados que caraterizam a edição: nome da editora, ficha catalográfica e informações de direito autoral);


+ a ficha técnica (que apresenta informações técnicas como o ano de impressão, o nome das pessoas que trabalharam na edição da obra e em que cargos, ISBN, depósito legal, editora, local de impressão, número de tiragens, entre outros);


+ a página de dedicatória e/ou agradecimentos (um texto curto escrito pelo autor para homenagear alguém);


+ o sumário (sendo facultativo e pouco utilizado hoje em dia, é uma listagem de capítulos);


+ e o prefácio (um texto escrito pelo próprio autor ou por um convidado que tenha lido o livro anteriormente, com algumas considerações a respeito da obra).


Na parte pós-textual (após o texto) podemos deparar-nos com:


+ o posfácio (um texto com alguma informação acerca da obra ou um último ponto de vista, que é totalmente opcional);


+ o apêndice (funciona como material complementar ao texto);


+ o glossário (uma listagem de termos utilizados no texto, que pode esclarecer dúvidas ao leitor);


+ o anexo (este é um documento que nem sempre é da autoria do próprio escritor e que serve de fundamentação, comprovação ou ilustração do conteúdo);


+ o índice (uma lista de assuntos/capítulos/partes abordados no livro em ordem alfabética);


+ a bibliografia (uma lista de obras utilizadas como referência para a construção do texto ou recomendadas pelo autor);


+ e o colofão (já pouco utilizado atualmente, apresenta informações técnicas sobre o livro como, por exemplo, o ano da impressão, o nome das pessoas que trabalharam na edição da obra [à semelhança da ficha técnica neste ponto em particular], o papel e a tipografia utilizados).

Mas como se unem estas partes? Falta-nos a jornada pela impressão…

No caso do livro em papel, as várias partes do livro são unidas e transformadas num todo através da impressão, um conjunto de processos técnicos e tecnológicos que nos traz o livro enquanto objeto que podemos manusear fisicamente.


A impressão é realizada em duas partes – o miolo e a capa – que vão ser colados ou costurados através de várias possíveis técnicas para formar o livro. Este procedimento pode ocorrer manualmente ou em máquinas da indústria gráfica, sendo que os livros que vemos no mercado são geralmente concebidos em máquinas.


Existem muitas opções e vários tipos de impressão, sendo as mais conhecidas a impressão digital e a impressão offset. Há sempre um responsável que garante a precisão da colagem e o perfeito alinhamento do livro – não queremos ler uma história na diagonal (a menos que seja esse o objetivo do autor)! Este processo de produção requer experimentação e a tiragem de exemplares de teste, sendo trabalhoso.



Do manuscrito ao livro… vai uma distância!


É possível compreender que um texto escrito, seja ele um conto, um romance, uma narrativa longa ou curta, distancia-se bastante daquilo que é o livro enquanto produto final. Podemos inserir os elementos inerentes ao miolo no nosso manuscrito, mas é necessário desenvolver um trabalho de design e de produção ainda um pouco longos para obtermos um livro nas nossas mãos.


As diversas partes do livro estruturam-no enquanto objeto de leitura, conferem-lhe limpeza, organização e representatividade. Todas as partes desempenham um papel e todas são importantes para a criação de um livro coerente, apelativo e fiável. Podemos ser atraídos pela capa, pela lombada, pela tipografia utilizada no título ou no conteúdo, mas todos estes elementos contam quando chega a hora da escolha, da compra, e da leitura!


Por isso, fica atento e faz o teste na tua próxima leitura: quais destes elementos, anteriormente enumerados, encontras no teu livro?

O que é que acrescentavas ou retiravas para o tornar ainda mais apelativo?


Parte à descoberta!

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