Somos pela escrita, edição e promoção do livro e da leitura infantil e juvenil
Sabias que a existência de uma literatura destinada especificamente ao público infantil e juvenil é um fenómeno moderno?
Só no século XVIII é que se pode começar a falar no surgimento de uma literatura propriamente para crianças e jovens!
Antes deste século, não havia uma distinção social entre crianças e adultos, nem lhes eram conhecidas características nem necessidades específicas.
Ao não haver um mundo designadamente infantil, também não se escrevia especificamente para crianças.
Ao começar a perceber-se, no século XVIII, que as crianças tinham necessidades formativas próprias, começaram a criar-se livros infantis com fins educativos.
No entanto, o setor editorial começou a entender que, devido ao enorme consumo infantil de coleções populares de romances, lendas e contos publicados para adultos, deveria começar a editar livros pensados diretamente para o entretenimento infantil, apesar do teor moralizante continuar presente.
Em 1744, um revendedor de livros, John Newbery, abre a primeira livraria infantil, em Londres, e começa a escrever e editar breves histórias divertidas, ilustradas e baratas para crianças.
Mas, para além disso, o aparecimento da Literatura Infantil coincide com dois fenómenos muito importantes: o aumento da alfabetização e a ampliação progressiva da obrigatoriedade da escolaridade.
A escola era um dos melhores “clientes” da edição infantil, pois exercia grande influência nas compras de livros que os pais das crianças fariam. A adoção de determinados títulos como livros de leitura habitual pelas escolas explica, por exemplo, o êxito de vendas das Fábulas de La Fontaine, em França, ou de Robinson Crusoe, na maioria dos países europeus.
Sabias que…
… na história original, as irmãs da Cinderela cortam os dedos dos pés para que o sapatinho de cristal caiba no seu pé?
Ou que a avó da Capuchinho Vermelho não foi retirada pelo caçador da barriga do lobo ainda viva?
A explicação para, provavelmente, não teres ouvido estas versões dos contos de fadas quando eras criança é muito simples:
A literatura infantojuvenil é um género literário que nasce por influência da tradição popular oral, ou seja, de contos e de poemas populares que se transmitiram oralmente por gerações e que estavam preenchidas de episódios considerados pouco convenientes para a suscetibilidade dos pequenos leitores.
Muitos autores, na época, como Charles Perrault ou François Fénelon, foram influenciados pela narrativa popular, mas tiveram de adequá-la para um público mais jovem, retirando todos os episódios vistos como menos próprios para essa audiência.
Charles Perrault, considerado o “Pai da Literatura Infantil”, traz a público, em 1967, as versões alteradas de histórias que hoje conhecemos muito bem e que são clássicos da Literatura Infantil, como Contos da Mãe Gansa, A Bela Adormecida, Capuchinho Vermelho, O Gato das Botas e A Cinderela.
O surgimento de diferentes géneros de livros infantis no século XIX
Ao longo do século XIX, a Literatura Infantojuvenil precisava de se consolidar, o que aconteceu graças ao surgimento de diferentes tipos de géneros dentre os livros infantis e juvenis.
À medida que a sua leitura e tradução aumentava, algumas obras demonstravam a sua capacidade de conexão com a infância e adolescência e ficaram consagradas como clássicos deste tipo literário!
A narrativa de aventuras
O primeiro género de livro infantojuvenil a surgir foram os livros de narrativas de aventuras.
Robinson Crusoe inaugura o género, pois apesar de ser um livro dirigido a adultos, as narrativas que representavam um confronto entre o homem e a natureza captavam a atenção dos adolescentes.
Durante o século XIX, a aventura foi um dos géneros narrativos mais procurados por esta audiência, pelo que muitas foram as adaptações feitas da obra de Daniel Defoe, as chamadas robisonadas, como A Família do Robinson Suíço, de Johann David Wyss, ou A Ilha Misteriosa, de Júlio Verne.
A narrativa realista com protagonistas infantis
Ao longo da primeira metade do século XIX, a maioria dos livros de Literatura Infantojuvenil continuava a ser de teor didático, ou seja, um tipo de narrativa que ensinava aos jovens como comportar-se através de histórias realistas em contexto familiar ou escolar.
As crianças começaram a aparecer como protagonistas de imensas histórias em contexto escolar, que eram geralmente usadas como livro de leitura na escola primária, como Giannetto, de L.A. Parravicini ou A Maravilhosa Viagem de Nils Holgersson Através da Suécia, de Selma Langerlöf.
Para além disso, o género começou a espelhar a crescente empatia pela situação social das crianças num novo mundo urbanizado e industrializado. O tema da orfandade foi amplamente explorado, dando origem a clássicos como Heidi, de Johanna Spyri, ou Sem Família, de Hector Malot.
As narrativas de animais
Também as narrativas de animais, derivadas das fábulas e com protagonistas animais humanizados, ganharam força e começaram a marcar presença entre os livros Infantojuvenis.
No século XIX, este tipo de narrativa ganhou diversas formas e propósitos, sendo utilizado como forma de satirizar os costumes humanos ou para a defesa dos animais, como em Beleza Negra, de Anna Sewell.
As narrativas fantásticas e de humor
Os livros de fantasia e humor foram os últimos a aparecer, retardados pela forte componente moralizadora ainda presente na Literatura Infantojuvenil. Este tipo de narrativa incluía elementos irreais inspirados pelos contos populares e do folclore.
A origem real da introdução do modelo literário fantástico na Literatura Infantil e juvenil é atribuída a Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carrol. Também Pinóquio, de Carlo Lorenzini, é um exemplo do surgimento humor e da mistura da realidade com a fantasia na Literatura Infantojuvenil.
A Literatura Infantil e Juvenil nas nossas vidas
É verdade que a maioria de nós não consegue imaginar a infância sem ser recheada de histórias de contos de fadas e de aventuras que nos deliciavam, lidas pelos nossos pais ou os nossos avós, mas sabias que as crianças antes do século XVIII não tiveram o mesmo privilégio?
Realmente, pensar na história da origem e evolução da Literatura Infantojuvenil faz-nos ver a enorme importância que teve e tem nas nossas vidas!
E TU, concordas? Que livros marcaram a tua infância?
Não te esqueças de nos deixar a tua opinião nos comentários e de partilhar o artigo para que mais gente conheça a história das histórias que encantaram as nossas infâncias!
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